segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

fim das contas 2013

Eu poderia reclamar sobre 23894093 coisas sobre esse ano terrível, mas notei que ando meio que passando dos limites com essa história de reclamações e resolvi pensar nas coisas boas. As melhores desse ano. Os livros que eu li. E como toda boa pessoa que passou a adolescência (só adolescência?)na companhia de Mia Thermopolis, eu fiz uma lista.

créditos: we<3it


Melhores livros do ano:

5- O Casaco de Marx - Peter Stallybrass
Só tive ideia do quanto eu gostei desse livro quando uma vez eu fui contar a história pra alguém. Eu comecei a lacrimejar?? Tipo, nada a ver! Ainda mais porque não é nem um romance nem nada, é sobre o valor das roupas e como o casaco de Marx o ajudou na época em que ele escrevia O Capital. Mas é escrito de uma forma tão bonita que me deixou de coração partido e olha que eu ando por aí me achando muito insensível.

4- O Diário de Bridget Jones - Helen Fielding
Mais carinhosamente chamada de Brigita nesses últimos meses, foi um dos primeiros livros que eu comprei com meu próprio rico dinheirinho que eu economizei por sabe-se lá Deus quanto tempo. Na verdade esse  foi o "Bridget Jones no Limite da Razão", mas desde então a Brigita já virou um patrimônio histórico na minha vida que vai além da minha edição de bolso tosquinha de O Diário. Esse é um dos livros que eu gostaria de ter escrito, eu e mais um montão de gente, né? E o que eu amo mais nele é aquele falatório das amigas e de como elas falam umas coisas loucas e são cheias de filosofias que mudam de um dia pro outro. Tipo eu.



3- De Música Ligeira - Aixa de la Cruz
Esse foi um livro desses de feira que tá lá na banca meio jogado, mas parece que tem um ímã que te atrai pra ele. Isso acontece só comigo?! Sei que vira e mexe esse ímãs me atraem e costumo ter uma sorte moderada com eles {assunto para outro post, porém}. Voltando a "De Música Ligeira" eu já fui bombardeada pelo título porque eu gosto muito dessa música, na versão em espanhol, quero dizer. Mas o livro em si acontece bem lento e confuso, com umas histórias que parecem ser paralelas mas se cruzam de amor, música e loucura. Acho que o que mais me pegou nesse livro foi que ele juntou muita coisa que eu gosto em poucas páginas. Tenho muito mais pra falar sobre ele que vou guardar pro próximo post.

2- Summer and the City - Candace Bushnell
Como fã desesperada de Carrie Bradshaw ela tinha que estar em algum lugar de alguma lista. Como fã desesperada de Carrie Bradshaw eu não sei como eu demorei tanto tempo pra ler esse livro. Ela é simplesmente eu??? Ou o que eu queria ser. E nesse livro ela também não é o que ela quer ser, está meio que em vias de, acredito que seja por isso que eu gostei tanto, tanto, tanto desse livro ele e eu estamos no mesmo momento.

1- O Sol Também se Levanta - Ernest Hemingway
Assim que eu terminei de ler a última página desse livro eu tive vontade de voltar pro início e começar tudo de novo. E de novo. E de novo. E de novo e assim eternamente. É uma história que começa em Paris e viaja pra Espanha e foi basicamente minha eurotrip do ano. Que bom que o Hemingway descreve tudo tão bem e de forma tão simples sem aquelas mil voltas que os escritores mais antigos costumavam dar pra explicar as coisas e sempre me deixa perdida no meio do caminho. Foi uma boa viagem.

Espero que em 2014 venham outras muitas e que meu ~top 5~ fique pequeno pra tanto livro bom que eu vou ler. Aceito indicações.
Até mais ver.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Observador do Ridículo



O ridículo permeia todo e qualquer lugar. E geralmente faz a festa. Num outro ponto mais afastado do salão O Observador encostado na parede absorve alguns detalhes e coloca a mão sobre a cabeça e pensa consigo mesmo “Não acredito que ele está fazendo isso”.
Pois é o que ele sempre faz, ainda assim O Observador não deixa de ficar perplexo. Vê ridículos por todos os lados. Naquela festa que foi na noite passada, cometendo erros de português ao conversar com gente importante. Cantando na chuva em inícios de manhãs, transitando pelas calçadas em zigue-zague como se fosse gente normal. “De repente eles já se tornaram a maioria”, observou O Observador ao observar o trajeto sinuoso de um ridículo no outro lado da rua.
- Deplorável.
Outro dia, no que era pra ser uma tarde agradável de inverno, foi a gota d’água. O Ridículo abordou O Observador como se eles existissem no mesmo mundo e gastou o verbo dizendo coisas ridículas por toda a extensão de um curto diálogo que se formou.
- E aí, cara? Eu e a galera resolvemos organizar uma socialzinha na casa da gostosa da contabilidade. Partiu?! Vai ser bom pra você dar uma renovada no seu ânimo, já passou da hora de balançar esse esqueleto!
- Não tem nada de errado com meu ânimo, aliás, acho que tenho outros planos.
Uma risada escandalosa ecoou por todo o escritório atraindo a atenção de todo o resto, é claro que ela partiu Do Ridículo e todo resto consistia em fortes candidatos a membros do clube.
- Cara! Eu ainda nem te disse que dia é, relaxa aí! Vai ser hoje à noite e todas as mulheres do escritório vão. Eu consegui diversas coisas pra animar a galera, se é que você me entende. De repente até você consegue arrumar umazinha por lá. O que você me diz?
- Eu te digo que eu realmente estou ocupado hoje... Foi mal – ele acrescentou no final com o intuito de não parecer um babaca snob, apesar de ele ser.
- É uma pena – comentou O Ridículo sem sua costumeira efusão que voltou logo no segundo seguinte – Vai ser a-ni-mal! Aposto que você vai se arrepender amanhã.
No dia seguinte, todos os membros da equipe de criação e de contabilidade tinham uma cara pior que a outra. Castigados pela ressaca. “Bem feito”, pensou O Observador “Quem é que está arrependido agora?!”. Com certeza não era ele, principalmente não depois de receber um elogio do seu chefe por conta de sua eficiência. Isso tinha cheiro de promoção. Até porque, nada mais justo, ele andava fazendo por merecer. Dia e noite. Mesmo que soubesse que o mundo da publicidade é feito de competição, não de justiça. Tinha sempre que se lembrar de agir igual naquele ditado dos ovos e da galinha.
Durante todo o curso da manhã correram boatos sobre a festa que não poderiam ser classificados como discretos. Pelo visto rolou um princípio de suruba e todos os presentes acharam super legal, de modo que já se envolviam em planejar outra reunião para a próxima semana. Dessa vez não o convidaram. E toda vez que O Ridículo se pavoneava através das divisórias de vidro do escritório na direção em que O Observador trabalhava, ele achava chegariam as sábias palavras anexadas ao convite. Não que ele pretendesse aceitar, se tratava apenas de um teste sobre nível de educação desses caras. Nunca chegou.
O que chegou, na reunião rotineira das segundas de manhã da semana seguinte foi o anúncio da promoção. Não para O Observador, mas para O Ridículo. E como O Observador nem ninguém em volta conseguiu acreditar naquela nominação, ele se viu na obrigação de confirmar a arbitrariedade daquele absurdo. Coisa que seu chefe disse que estava mais que confirmado.
- Meu jovem, você é um rapaz de ouro e naturalmente ficou entre minhas opções, mas o outro jovem, O Escolhido, tem mais o perfil da empresa. Audacioso, vivaz!.. Essas coisas, você sabe.
Não, ele não sabia como um rapaz de ouro poderia terminar com a medalha de prata. Nem sequer fez questão de entender que expectativas altas tendem a cair de distâncias maiores. Pela primeira vez em sua vida profissional ele teve vontade de faltar ao trabalho, mas para isso ele teria mentir que estava doente e isso seria ridículo.
O metrô estava repleto deles. Com seus fones, ouvindo música alta e mexendo a boca conforme a letra. Às vezes eles esbarravam No Observador, interrompendo seu espaço pessoal, com frequência eles nem percebiam o incômodo que causavam. “Droga...”, eles eram sempre assim, espaçosos e barulhentos. Ocupados demais em conversar coisas banais com a pessoa do outro lado.
Eles também tinham essa característica de andar em bando. Na calçada de mãos dadas bloqueando a passagem, no restaurante mais falando que comendo em pleno horário reduzido de almoço. Muito irritante para O Observador que tentava avançar sozinho através da multidão.
Acabou que O Ridículo em menos de um mês teve um caso com a mulher do chefe. E foi descoberto. Logo depois, despedido. O Observador não poderia dizer que ficou surpreso com isso, ficou surpreso com o modo que ele reagiu à demissão; subindo na mesa com um discurso feito aos berros.
- Não posso dizer que foi um prazer trabalhar com vocês, é aquela coisa né... Eu tenho outras formas de sentir prazer. Há! Mas é o fim de uma grande etapa na minha vida e sinto que tenho que bebemorar com todos vocês que fizeram parte dessa fase. E que fase! Todos estão convidados, até o Esquisitão de Óculos de Aro de Metal.
Essa era um referência Ao Observador, que instintivamente ajeitou os óculos no rosto. Que eram grandes e pesados e sempre escorregava nariz abaixo. Como O Observador odiava esses óculos...
Por uma razão simples, ridículos também usam óculos e ultimamente eles tem achado que quanto maior melhor. De vez em quando os tamanhos dos óculos dos ridículos se encontravam com os dele e nada pior do que ser igualado a quem se despreza. A única diferença eram seus aros de metal muito arranhados. Contudo, já que seu codinome foi mencionado no discurso e o convite reforçado por diversos comparsas nas mesas em volta, ficaria feio não ir. Por isso ele foi.
A reunião aconteceu num karaokê no Centro da cidade. Existem poucas coisas mais vergonhosas do que gente sem talento e com orgulho disso; outro item presente na sua lista de ódios mais frequentes.  Ele não iria cantar de jeito nenhum. Mas os outros, regados a cerveja, mostravam seus desafinamentos sem medo de ser feliz.
Foi aí que O Observador percebeu algo novo no comportamento dos ridículos. Novo para ele. Junto, começou com uma suspeita de que tal elemento sempre estivera ali. Como ele não tinha visto antes? A felicidade que permeava os rostos dos ridículos enquanto faziam ridiculices. O riso dos outros que estão em volta apenas por presenciar o momento. E ele ainda se intitulava como Observador? Olhou para os lados e viu que era o único que deixava de se divertir por recear ser classificado como bobo ao invés de alegre.

Então João pegou o microfone.  
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Último texto do ano, porém o primeiro que posto aqui. Essa sou eu :}
PS: amo Disney.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

natal e a terra do nunca

desenho feito pela Beea Moreira para o nosso projeto chamado Cotidianices, repare que nossa reclamação de Natal começou uma semana adiantada


Com uma breve pausa na comilança natalina eu comecei a pensar... O Natal já foi melhor. Mil vezes melhor! Ok, eu tenho consciência de que eu estou literalmente (e eu odeio usar esse advérbio) reclamando de barriga cheia, mas reclamar é uma das poucas formas que eu tenho de passar o tempo num feriado como esse em que as lojas estão fechadas e as pessoas trancafiadas com suas famílias se divertindo muito mais que eu. E o cômico-trágico é que esse costumava ser minha data favorita. 
Sei lá quando foi que essa mudança aconteceu, sei que há quatro anos atrás eu ainda contava os dias para poder montar a árvore de Natal que esse ano eu montei ontem, dia 24 de dezembro, quando não se podia mais fugir do espírito natalino. Mesmo que tenha sido num curto espaço de tempo, foi uma mudança gradativa. Eu JAMAIS deixaria de gostar do Natal assim de uma hora para outra. Eu era uma grande devota! Quando eu era pequena, já em outubro logo depois do Dia das Crianças, eu começava a sentir meu "cheiro de Natal" e outro bando de sensações da época que eu nunca conseguia explicar direito, mas sempre tinha alguém pra me entender e sentir o cheiro junto comigo. Agora que eu não gosto mais do Natal e também não sei explicar como isso aconteceu, não acho que alguém vai me entender. Quero dizer, nada traumático aconteceu para fazer eu mudar de opinião, isto é, eu superei a não-existência do Papai Noel sem maiores complicações, o que mais poderia acontecer?! Só aconteceu que perdeu a graça, apenas porque sim...
Às vezes eu acho que é porque eu cresci. Logo depois concluo que não cresci coisa nenhuma e que são as tradições que estão se perdendo. É sempre melhor colocar a culpa na sociedade, no capitalismo ou no que for. Muito embora eu não tenha posto meus sapatinhos na janela e a culpa seja só minha. 
Esse ano eu só ganhei três presentes, vai ver que é por isso que eu estou tão amargurada... 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

escrever & a culpa de não escrever

Não sei de onde que eu tirei que eu escrevo muito melhor quando está frio e chovendo. Desconfio que tenha sido de todas aquelas cenas de filmes e seriados em que tem uma pessoinha numa mesa em frente à janela escrevendo horrores enquanto a chuva cai lá fora. Ou talvez tenha sido por causa de uma tarde épica, logo quando comecei com "isso de escrever", estava frio e chovendo e eu consegui a proeza de escrever 12 (DOZE! d-o-u-z-e.) páginas. E isso nunca aconteceu novamente.
Escrever era muito mais fácil quando eu comecei com "isso de escrever". Agora que eu aceitei levar isso mais a sério do que horas vagas pelas tardes sem aulas, se tornou muito mais traiçoeiro. Tardes e noites na frente da tela sem completar nem uma página, quinhentas palavrinhas sequer... Foi a imaginação que foi embora? Ou será que aceitar que isso tem a intenção de ser mais que um passatempo me faz pensar mais sobre a qualidade do que eu vou apertar o botão de publicar? Ou não. Pode ser também que eu esteja esperando pela próxima nevasca para que meus dedos voem pelo teclado. Enquanto isso a angústia de não estar escrevendo o suficiente me assombra desde o nascer do sol até a hora que aceito dormir com essa derrota.
Vale a pena lembrar que amanhã, dia 21 de dezembro, começa oficialmente o verão, em outras palavras, minha época de terror. Improdutividade. No entanto a temperatura anda bem aceitável, inclusive está até chovendo uma vez por dia aqui em São Gonçalo, mas tudo o que eu ando escrevendo são esses textos de reclamação sobre o não-escrever.
Agora imaginem vocês o nível de culpa que eu ando sentindo...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

essa história de sonho

Gostava da época que eu queria ser atriz, eu nem considerava que a minha eterna timidez poderia ser um problema para minha carreira imaginária. Até porque, eu tinha cinco anos. Minha imaginação não ia muito além dos aplausos no fim de uma peça.
Anos mais tarde minha mãe queria que eu fosse engenheira. De petróleo. Por causa do dinheiro. Uma ambição bondosa para uma mãe de família não-rica, que sua filha tivesse dinheiro quando crescesse. Mas na época das sugestões aquilo me irritava. Tanto! Inclusive, se essa sugestão me fosse feita hoje eu continuaria ficando irritada. Será que minha mãe não consegue enxergar dentro da minha cabeça e perceber que tenho sonhos maiores?! 
A relação entre minha mãe e eu é boa, minha relação com meus sonhos é que não é. Aparentemente levou mais ou menos 24 anos para eu e ele chegarmos a um lugar comum e ainda assim temos nossas desavenças. Ter feito 24 anos não ajudou muito, é mais ou menos nessa idade que os jovens começam a tomar um rumo e perder seus títulos de adolescentes, pelo menos na minha visão das pessoas que estão a minha volta. Mas eu ainda sou uma adolescente, com música alta na caixa de som, resposta atravessada para os membros da família e cheia das inconformidades. Não que eu não ache que os "jovens"  não façam esse tipo de estardalhaço também, mas imagino que uma vez encontrado seu objetivo de vida (e quando falo vida, na verdade estou falando de vida profissional) a maior parte da atenção fica voltada para ele, sem muito tempo para estardalhaço. Palavras da minha imaginação platônica.  
Eu e o meu sonho vamos levar mais tempo que os adolescentes normais pra encontrar um rumo. Tudo bem que normalidade é um conceito muito volátil, mas a minha preocupação não. Nem a da minha mãe. E do mesmo jeito que eu desisti de querer ser atriz e fui cursar Design de Moda eu posso deixar de querer ser isso que eu sou hoje.
Sempre penso que a vida seria mais simples se eu quisesse estudar Direito como um montão de amigos meus, porque sempre me dizem: "Pra estudar Direito tem que gostar de ler.". E eu adoro ler! Mas eu prefiro escrever.