domingo, 23 de março de 2014

O lado mais colorido de PJI


Pra quem não sabe, o meu livro "Pela Janela Indiscreta" (a.k.a: PJI) que tá prestes a sair, esteve "prestes a sair" há mais ou menos quatro anos. Pra quem já sabe, vou poupar vocês das lamúrias. Até porque, quem acompanha essa novela desde o início já deve estar tão de saco cheio de ouvir sobre quanto eu de esperar o lançamento.
Por isso vou passar logo pra parte de boa de ter um processe de publicação tão longo quanto esse: as várias capas que o livro ganhou!
Eu sou uma pessoa muito indecisa (qualquer semelhança com personagens do livro é mera inspiração de vivência), mas quando tenho minhas preferências, tenho minhas preferências. Estou falando da Beea Moreira, que fez to-das essas opções de capa, uma pessoa com paciência de jó e com um talento de uma salva de aplausos num teatro cheio gritando uhul.
Vejam por vocês mesmos, ~uma imagem vale mais do que mil palavras~. Escritores amam esse ditado, rs.







Existem ainda outras! Com outras combinações de cores e tal. Essas foram apenas as minhas preferidas e até eu me decidi foram dias. Por sorte eu pude contar com a ajuda da própria Beea, da Ilana que foi o anjo que salvou esse livro e da Ana B. no suporte de surtos e idiotices mais à toa. Mas no fim vocês já sabem, the winner was...



Espero que vocês tenham gostado da escolha tanto quanto eu gostei. Desde o início eu tive um feeling de que a capa deveria ser azul, acho que combina com a história (posso estar sendo louca). Leiam e me digam.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Sonhos defumados

O começo do fim



Ela veio para essa cidade para se colocar no mundo. Tinha beleza e planos de ser modelo. O tio do seu vizinho, lá na sua antiga cidadezinha, tinha lhe dado um endereço de alguém com que falar. Seria um bom começo.
Ele vivia nessa cidade, mas queria mudar o mundo inteiro. Tudo ao seu redor parecia bem idiota. As pessoas, a política, o sistema de ensino... Ele pensava nisso enquanto batia a caneta em cima da folha de caderno vazia durante uma aula e outra da faculdade.
Dois dias depois eles se encontraram. Aí foi o começo de tudo. Era uma cidade grande, mesmo assim seus olhares se cruzaram como se fosse aquele tipo de coisa que tinha que acontecer na vida de uma pessoa. Ou de duas. Aconteceu. Trocaram ideias e logo depois fluídos. Foi ótimo.
No dia seguinte, A Protagonista acordou atrasada para a seleção que o amigo do tio do seu vizinho tinha conseguido. Ela ficou nervosa e teve vontade de quebrar coisas. Era tudo sua culpa. Não deveria ter se divertido até tão tarde. O rapaz acordou atordoado pela ressaca e pela percepção de movimento, ainda assim, e sob qualquer circunstância, ele era um bom apaziguador. Tinha seus meios. Fez com que ela respirasse, tomasse algo para olhar a situação sob outro ângulo “Não é o fim mundo. Você é mulher! Sempre vai poder dizer que não está se sentindo bem por conta de problemas femininos e acabar deixando o cara sem graça. Não é isso que vocês sempre fazem?”
“Não sou boa com mentiras.”
“Honestamente, você não está se sentindo bem, está?”
A resposta era não. Sua cabeça doía e seu centro balançava numa sensação de mar. Fortalecida pelo mal estar ela pegou o telefone e fez o que tinha que ser feito, o amigo do tio do seu vizinho agiu conforme o esperado. Permitiu que ela participasse da seleção desde que chegasse lá em meia hora.
O Antagonista, que se manteve ao seu lado durante toda a ligação, viu o quanto ela se agitava com a perspectiva de seu futuro começar em menos de trinta minutos. Com a melhor das intenções resolveu dar a ela outro calmante para caso aparecesse alguma emergência pelo caminho. Apareceu. Do nada, um engarrafamento danado numa rua secundária que ela não sabia o nome nem se era perto. Então ela tomou a pílula com um gole de água, sentiu como se uma pedra viajasse em seu interior. Ela gostava de viajar. Mais controlada, A Protagonista conseguiu chegar a tempo, porém, não foi uma das selecionadas.
“Você não é exatamente o que estamos procurando.”
“Também, pudera!” ela pensava ao se observar no espelho. O que se busca de uma modelo numa seleção, é beleza. E naquele momento ela tinha olheiras, lábios ressecados e um olhar vidrado.
“Haverão outra oportunidades” disse o amigo do tio do seu ex-vizinho “Não há razão para ficar abatida.”
Mas ela não estava abatida, estava acalmada. E muito agradecida por isso. Tanto que antes de voltar para o seu apartamento que seu pai alugou por um mês até que as coisas se acertassem, ela resolveu que iria dar uma passada na casa daquele rapaz para agradecer a hospitalidade e perguntar se, por um acaso, ele não tinha outro comprimidinho daqueles.
Já era ruim o bastante ela ter perdido sua primeira seleção, não ajudaria em nada ela perder a cabeça também. Ele disse que poderia ajudar, se ela não se importasse em esperar quarenta minutos. Ela tinha quarenta minutos, e, aparente, a noite toda. O calmante chegou por um entregador de farmácia. A calma através do rádio. Com uma música antiga com ar de sofisticação que mais tarde nessa mesma noite ela chegou a descobrir a intérprete, mas, que devido às outras práticas noturnas, não ficou retido em sua memória. Assim como tantos outros nomes e eventos a partir de então.
Aquela não foi a última noite que A Antagonista passou naquele apartamentinho aconchegante em Pinheiros. O Protagonista era uma boa companhia para todas as horas, mesmo quando assoberbado de estudos.
“Se você despreza as instituições de ensino, por que perde tanto tempo estudando?”
“Tenho que conhecer o máximo possível do mundo para saber o que vou mudar nele. O estudo é o primeiro passo de um plano muito bem estruturado.”
“Você não tem o semblante de quem anda na trilha de realização do maior plano da sua vida.” A suspeita é confirmada quando suas mãos apertam a tensão nos ombros dele. Uma massagem seria bem-vinda.
“Têm coisas que são difíceis de aprender.”
“Então, você deveria abrir sua mente.”
Em cima do livro ela jogou um saquinho com erva. Lembrança de casa. E mesmo tendo maconha nas letras da sua página, O Protagonista teve a sensação de ver tudo mais nítido. Era hora de deixar um pouco de lado a teoria das Ciências Sociais para socializar de verdade.
Ele quis saber da Antagonista desde quando e com que frequência ela fumava. Algumas vezes ele pensava se tinha sido ele quem lhe apresentou essa a rota de fuga. Alguns viam o costume com maus olhos e ele não queria ser má influência para ninguém. Contudo, a resposta dela foi tão tranquilizadora quanto um trago, “Acho que é muito importante experimentar de tudo pelo menos uma vez. É assim que eu formo meus conceitos. Pra mim é a forma mais autêntica”.
Mas tudo na sua cidadezinha de interior era quase nada. De modo que já experimentara maconha quatro vezes, mesmo que o alvo da sua maior curiosidade ainda fosse o cigarro. De menta.
Quem cultivava a erva era seu antigo vizinho. Numa plantação modesta apenas para fins pessoais e amigos. Ela era uma grande amiga, por isso antes de partir o ex-vizinho ensacou cinquenta gramas daquilo que tinha de melhor. Caso ela estivesse precisada de um consolo com toque de outra dimensão. No momento, ela achava que quem precisava desse tipo de consolo era O Protagonista, então fez pra ele o mais lindo dos baseados que fez na vida. Se isso não fosse uma declaração de sentimentos, ela não sabia mais o que era.
Fumaram juntos como todas as outras coisas que andavam fazendo. Sentados no chão da sala, passavam de um para o outro. De início suas mãos colidiam com espasmos de uma sensação agradável. Pouco tempo depois todo o resto colidiu.
Não dava para diferenciar, sob o efeito da droga, se aquela sensação fazia parte da própria onda ou a incandescência de uma atração recém descoberta. Ou até mesmo algo maior, amor ou uma coisa dessas. Nenhum dos dois conseguiria dizer, só estavam de acordo que independente do que fosse, era algo bom.

O meio do fim

Um mês se passou e nada da menina conseguir um trabalho. Então, teve que desocupar o apartamento que seu pai alugou. Não que ela ficasse muito por lá. Assim teve um motivo para ficar de vez no apartamento do rapaz. Há males que vem para o bem, seu pai dizia muito isso e ele sempre estava certo. Ia ser melhor assim.
Por outro lado, talvez as coisas melhorassem logo. A falta de dinheiro é um mal que assola pessoas em todas as cidades do mundo, grandes e pequenas, mas tinha uma solução muito simples: Dinheiro.
Ela tinha um teste esta tarde. E, para variar, estava se sentindo confiante dessa vez. Não tomou nada além de água. Dormiu nove horas seguidas. Maquiou-se tão bem que nem dava para perceber que era maquiagem. Sorriu para o espelho. O sorriso refletiu em seus olhos. Sinal de boa sorte.
Adivinhar sinais não é o que se pode chamar de ciência exata. Só que quando A Protagonista interpretava um sinal, ela geralmente acertava. Foi assim que ela conseguiu sua primeira seleção. E ganhou uma bolada.
Eles tinham que comemorar, pelo caminho ela pensou em maneiras. Nenhuma delas chegou perto da efusão do abraço dele quando recebeu a notícia. Ninguém nunca tinha ficado tão feliz por ela. Ela tinha, é claro, o amor incondicional de seus pais, mesmo que nesse quesito eles não a apoiassem completamente, na verdade, nem sequer a entendia. Mas aquele rapaz que a esmagava, fazia tudo por ela apesar das condições. Nunca aceite nada de estranhos. Um passo de cada vez. Azar no amor. Nada disso fazia parte do que eles tinham.
Ela sentia a necessidade de retribuir a felicidade que encontrava nele, por isso trouxe da rua um saquinho repleto de Felicidades Instantâneas para incrementar as comemorações.
O Protagonista não tinha como deixá-la mais próxima de si do que ela já estava. Ainda assim, ele queria mais. Compreendia a magnitude do alívio que ela deveria estar sentindo, pois sua própria vida era baseada na procura dessa sensação. Raramente ele alcançava. Mas saber da capacidade dela em fazer as coisas acontecerem tão rápido lhe dava uma satisfação que ia além das palavras. O dinheiro ajudaria, e não era só isso, o principal era ela estar no caminho exato que escolheu para sua vida. Deveria ser uma felicidade que nem o melhor Saquinho de Felicidade Instantânea poderia trazer. Pois primeira felicidade nascia no presente e se estendia até o futuro com uma promessa de progresso, já a felicidade ensacada agia no momento e borrava o sentimento quando ele se tornava passado, adiando as dores para o futuro.
Fora as inúmeras razões de sua felicidade. Contudo, O Protagonista não conseguia evitar em meio a todos os bons sentimentos, a constatação de que a vitória dela funcionava como uma nota-lembrete de seu próprio fracasso. Ou falta de progresso. O que era um pensamento horrível! Embora comum a muitos. Ele não era como todos. Por isso tentava afogar tais pensamentos ao trazer a menina para ainda mais perto.
O Protagonista tinha uma mente brilhante e todos sabiam disso. Seus vizinhos e amigos o observavam com admiração e sempre à espera de qual seria seu próximo feito. Cursava duas faculdades, uma com bolsa integral na melhor faculdade de Relações Internacionais de São Paulo. A família ficava orgulhosa de dar todo o suporte. A mãe alimentava esperanças de ele se tornar o Presidente da República, ele certamente tinha potencial, mas seu pai preferia manter suas expectativas mais humildes; se contentaria com um cargo no Ministério.  
Viver sob o holofote de tanta atenção era o que deixava o protagonista tão angustiado em primeiro lugar; logo depois vinha o medo de suas certezas se tornarem incertas. Como daquela vez que ele pensou que o amor era lindo e teve seu coração partido. Aí estava um dos temas em que sua opinião mudava de tempos em tempos. Como ele poderia esperar que o resto das suas outras convicções se perpetuasse? De vez em quando ele pensava que o único mundo que ele mudaria seria o dele. Para pior. Às vezes ele se cobrava demais.
Tinha horas em que sua cabeça saia de controle e entrava numa cadeia de pensamentos que se deixados correndo soltos, tinham potencial destrutivos. A maneira mais eficaz de interromper o processo era se dopar. Foi praticando consigo mesmo que ele se aprimorou na arte de apaziguar e uma vez apaziguado ele poderia voltar sem problemas aos seus estudos.
Não era assim que a arte funcionava para A Antagonista. Aí morava a grande divergência dos dois. Enquanto para ele tudo servia para remediar momentaneamente suas angustias irremediáveis, com ela era outra história.
“Vamos nos divertir agora ou deixamos para outro dia?”
Ela balançava o saquinho de um lado para o outro como o pêndulo de um relógio antiquado. O tempo passava rápido, mas nunca era tarde demais para se divertir. A mensagem da menina, apesar de simples, foi uma grande realização, a qual ele reagiu instintivamente ao arrancar o pacotinho das mãos dela e separar o conteúdo em carreiras. Era hora de dar uma pausa nos questionamentos sobre quanto tempo falta para chegar naquele lugar em que ele nunca esteve.   
Para A Vilã não tinha nada melhor do que estar fora de si e com ele dentro. Teve a impressão de que esteve assim por dias. E que poderia ficar para sempre. No entanto, não podia confiar na sua percepção, ela andou muito distorcida. Tampouco queria perguntar ao rapaz, pois ele tinha entrado em outro ciclo de culpa.
“Agora que você já provou de tudo ao menos uma vez espero que esteja feliz com seus conceitos. Porque temos que parar. Já chega. São tempos de concentração.”
Em Tempos de Concentração tudo incomodava o rapaz, coisa que atrapalhava o objetivo da menina de se manter relaxada sempre. Preocupação gera rugas e ninguém contrata uma modelo toda enrugada. Não que ela estivesse preocupada, na verdade, naquele momento ela não tinha nada além de drogas na cabeça. Mas era um incômodo ele pensar que tinha responsabilidade pela loucura dela. Era inegável que o rapaz tinha aberto as portas para um novo mundo de lugares e substâncias, contudo, a decisão de cruzar tais portões foi inteiramente dela. E se ela quis continuar a viagem, foi porque achou boa. Sentia que naquela euforia era o seu lugar. Ou por um acaso o objetivo da vida não era a felicidade? Ela era feliz assim. Agora que eles tinham provado tudo o que estava ao alcance deles, ela ainda não tinha vontade de parar. Foi como ele disse, algumas coisas são complicadas de aprender. Ela queria formar mais conceitos. Precisava de mais.
Eram tempos difíceis para a concentração. O rapaz acreditava que o estudo era uma questão de hábito. Que ele tinha perdido. E o retorno é sempre mais difícil que a saída. Sua cadeira começou a funcionar como um assento ejetor o qual ele não conseguia ficar muito. Grande parte das tardes ele caminhava de um lado para o outro do apartamento, que não tinha muito espaço para desencaminhar suas impaciências, então ele ia andar na rua, o que só piorava, pois pessoas felizes e apressadas andavam por todas as direções. Elas estavam todas indo para algum lugar. Ele estava a esmo.
Não se tratava só de dar contar de duas faculdades, a bolsa de estudos também precisava ser mantida. E fora as obrigações, estudar para ele costumava ser uma renovação em seu repertório de objetivos, mais ou menos como ele ouvia dizer que certos escritores tinham ideias para suas histórias lendo outros livros. Apenas por manter a engrenagem da imaginação funcionando. É o movimento que impulsiona o movimento. O Protagonista começou a se indagar se a sua engrenagem não estava com defeito.
“Ficar nervoso desse jeito não vai te levar a lugar nenhum” a menina dizia toda vez que ele voltava das suas andanças com o olhar desvairado. O pior é que ela estava certa. Por mais que ele quisesse sentar na cadeira e tatuar assuntos e conteúdos na sua cabeça, não conseguiria e sabia que não conseguiria. A cabeça já estava cheia com outras coisas e precisava ser esvaziada. “Tenho que relaxar” declarava o rapaz ao ir buscar dos materiais necessários.
Estudar deixou de ser uma motivação para se tornar uma preocupação. A partir de então, ele se sentava na cadeira e ser primeiro pensamento era sobre quanto tempo demoraria até ele não agüentar mais e precisar relaxar. Os minutos se tornavam cada vez menores.

O fim

Outro mês se passou sem que A Protagonista conseguisse outro trabalho. Coisa que não entrava na sua cabeça já que tinha perdido três quilos. Era para ter sido um sinal de sorte. Ela não poderia estar mais errada. O Antagonista fez com que eles se mudassem para um apartamento menor e mais afastado, portanto mais barato. O dinheiro que os pais dele mandavam não dava para pagar o aluguel e tudo o que eles precisavam durante o mês. Eles precisavam cada vez de mais e ele era inteligente o suficiente para não criar dívidas. Além do mais, o mercado imobiliário vivia em constante aumento de taxas e não era justo eles que sacrificassem o modo de vida deles só para poder viver em um lugar decente. Os dois ficariam bem em qualquer lugar desde que estivessem juntos.
Uma semana depois da mudança ele perdeu a bolsa na faculdade de Relações Internacionais. A Protagonista tentou consolá-lo com palavras e ações, nada deu muito certo. Mas ele não ficou tão triste depois de terminar de esfregar o pó na gengiva.
Como já tinha dado errado ele não precisava perder mais seu tempo se preocupando sobre alguma coisa dar errado. Começava a ver as coisas pelo lado bom. Também diminuiria um ônibus xexelento em seu percurso diário. Brindou a isso.
Eventualmente o rapaz errava a mão nas doses e passava mal. Como aconteceu nesse dia. Sorte a dele que A Protagonista era mais cuidadosa e poder ficar vinte e quatro horas à disposição.
Em dias seguintes a esses infortúnios ele acordava desorientado com a dúvida se está morto ou vivo. Sua primeira reação inteligente é investigar algo ou alguém conhecido. Dessa vez ele estava num buraco e quase não reconheceu a menina deitada perto dele. O corpo que tinha sido esguio agora tendia para o esquálido, o rosto se contorcia num provável pesadelo. Apresentava as feições gastas, não por ação do tempo, por algo mais mórbido.
Ela nunca conseguiria outro trabalho como modelo. Mas ele a amava mesmo assim. Mais assim. Do mesmo jeito que ela o amava independente de ele ser inteligente ou estar ficando tão idiota quanto aqueles que ele desprezava.
O resto que sobrou do seu intelecto o impedia de falar as palavras que rondavam sua cabeça. Até porque, seu conhecimento indicava que sempre que ditas, tais palavras tinham o efeito reverso. De qualquer forma, sua mente ecoava um “Vamos ficar juntos até o fim” que ao olhar para A Protagonista adormecida ele notou que o fim não estava longe.
Pegou a menina do chão a colocou em cima da cama de solteiro, onde ambos deveriam estar dormindo, ainda era noite. No meio do caminho os olhos dela se entreabriram e estavam vermelhos, ela passou a mão pela testa dele como quem checa a temperatura de uma criança. Para ver se está tudo certo. Logo ela voltou a pegar no sono e ele voltou a pensar. Nada importava muito agora, tudo já tinha meio que acabado. Antes mesmo de virarem cinzas seus sonhos viraram fumaça, numa perfeita ordem de combustão.
Em resumo, eles encontraram o amor. E perderam todo o resto.